Alterações Climáticas

As alterações climáticas podem ser encaradas como uma séria ameaça ambiental, interferindo com os ritmos naturais do planeta Terra. Têm por base fenómenos naturais, mas são, também, induzidas pela actividade humana como a exploração excessiva dos recursos naturais.

As alterações climáticas têm impactes negativos nos ecossistemas terrestres, com consequências diversas, como por exemplo:
  • modificações na fauna e flora;
  • aumento das ondas de calor, com prejuízo da saúde humana, e aumento do consumo de energia utilizada em sistemas de arrefecimento;
  • diminuição da precipitação, com escassez e diminuição da qualidade dos recursos hídricos, ou precipitação excessiva, com riscos de cheias;
  • e alteração das flutuações climáticas anuais, que interferem com a produção agrícola.

O aquecimento global da Terra constitui um bom exemplo de uma alteração climática com consequências preocupantes a vários níveis. Pode ser explicado pelo efeito de estufa, produzido pela libertação de gases, como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), hidrofluorocarbonetos (HFC), hidrocarbonetos perfluorados (PFC), hexafluoreto de enxofre (SF6) e óxido nitroso (N2O), que aumentam a capacidade de a atmosfera absorver a radiação infravermelha, favorecendo a retenção de calor.
Actividades humanas, como a utilização de combustíveis fósseis, são responsáveis pela emissão em grande escala de gases com efeito de estufa. Neste caso, as consequências passam pelo aumento do nível do mar (ex.: descongelamento de grandes massas de gelo).

Referências do Documento:
  • alterações climáticas. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Alterações Climáticas

Aumento Global da Temperatura no Planeta Terra

Efeito de Estufa

Esquema de Funcionamento do Efeito de Estufa

O efeito de estufa é um conceito que foi escolhido para designar a taxa da temperatura global que é provocada pelo aumento de poluentes gasosos, principalmente o dióxido de carbono. Os gases poluentes absorvem as quentes radiações infravermelhas, impedindo o seu escape para o espaço durante a noite. O efeito de estufa é idêntico ao que acontece num carro estacionado ao sol com os vidros fechados. A energia radiante do sol aquece o interior do carro e os vidros impedem o seu escape para o exterior. O carro aquece cada vez mais.

Os níveis de dióxido de carbono e de poluentes aumentam na atmosfera, captando cada vez mais calor e fazendo com que as temperaturas se elevem gradualmente, fenómeno que é conhecido por aquecimento global.

Pela análise das bolhas de ar retidas nos gelos da Antárctida e da Gronelândia desde há mais de 1000 anos, foi possível verificar um aumento de dióxido de carbono na atmosfera de 25%. 85% deste aumento ocorreu entre 1870 e 1989, período em que se generalizou a utilização de combustíveis fósseis (carvão e petróleo). A manter-se esta taxa, é previsível que a concentração de dióxido de carbono duplique até ao ano 2050, aumentando a temperatura global em cerca de 2 a 5 oC.

As maiores consequências do aquecimento global serão: a subida do nível do mar no decorrer do próximo século; a redução das chuvas, o aumento da desertificação e a generalização de uma crise de fome no mundo; a destruição dos seres vivos, animais e plantas, que vivem em estuários, deltas e zonas baixas da costa.

Sabendo-se que o dióxido de carbono é o principal responsável pelo aquecimento global, reduzir a sua emissão pode ajudar a resolver o problema. Na sua maior parte, o dióxido de carbono lançado na atmosfera resulta da utilização de combustíveis fósseis para produzir electricidade, a circulação automóvel e o aquecimento das casas. A redução do consumo de combustíveis fósseis constitui uma solução possível.
Referências do Documento:
  • efeito de estufa. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Origem dos Gases de Estufa, Responsáveis pelo Aquecimento Global

Camada de Ozono

 A camada de ozono é uma região pertencente às camadas superiores da atmosfera, entre os 20 e os 30 km de altitude. O ozono, gás instável, encontra-se concentrado nesta zona, sendo possível encontrar concentrações até cerca de 10 ppm (partes por milhão).

Esta camada absorve uma parte importante da radiação ultravioleta que atinge a atmosfera da Terra e que é muito prejudicial a todas as formas de vida. A sua ausência causaria um aumento significativo do número de cancros de pele, entre outros efeitos nocivos.

O ozono, existente nesta camada, forma-se por acção da luz solar sobre o oxigénio diatómico e, simultaneamente, degrada-se por acção dos compostos azotados, num processo que decorreu inalterado durante milhões de anos e que se equilibrou de forma a manter o nível de ozono em torno de um valor médio. No entanto, no final da década de 1970 foram detectadas diminuições significativas das concentrações de ozono, que se tornaram mais evidentes aquando da descoberta do buraco de ozono, sobre a Antárctida, primeiro, e sobre o Árctico, depois. Os clorofluorocarbonetos, grupo de compostos químicos também conhecidos por CFC, são os mais directos responsáveis por este declínio. Usados frequentemente como gases propulsores de aerossóis e em aparelhos de ar condicionado, os CFC, depois de libertos para a atmosfera, sobem e decompõem-se sob a acção da luz solar, sendo os radicais livres resultantes responsáveis pela decomposição do ozono em oxigénio diatómico.

Devido ao papel protector da camada de ozono, vários acordos internacionais foram já estabelecidos no sentido de diminuir a utilização de CFC. Esta substituição dos CFC por produtos químicos alternativos, embora necessária, apresenta algumas dificuldades do ponto de vista económico, visto que estes são mais dispendiosos, pelo que estão previstos incentivos aos países em vias de desenvolvimento.

A 16 de Setembro, comemora-se o Dia Internacional da Preservação da Camada de Ozono.

Referências do Documento:
  • camada de ozono. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2
Consequências da Destruição da Camada de Ozono

Consequências para a Saúde da Exposição à Radiação Ultravioleta


Fontes Emissoras de CFC

Evolução do Buraco de Ozono sobre a Antárctida

Chuvas Ácidas

Grandes quantidades de ácidos nítrico e sulfúrico são formadas na atmosfera a partir dos óxidos de nitrogénio e enxofre emitidos pela combustão do carvão, da gasolina e de outros combustíveis fósseis. Isto acontece principalmente próximo das grandes cidades e dos grandes complexos industriais, onde os índices de poluição são mais elevados. A precipitação destas substâncias é denominada chuva ácida desde que o valor de pH esteja compreendido entre os valores 4,0 e 4,5. Em casos extremos, o pH pode ser inferior a 2,0. Estes valores contrastam com a chuva "normal", cujo pH está geralmente compreendido entre 5,0 e 5,6, em equilibrio com o dióxido de carbono atmosférico.

Os ácidos sulfúrico (H2 SO4) e nítrico (HNO3) são potentes fornecedores de iões hidrogénio que implementam uma acidificação do solo, tornando-o impróprio para a agricultura. Muitas vezes, os iões hidrogénio adicionados ao solo não são suficientes para alterar o pH do mesmo, mas, após um longo período de tempo, pode dar-se um significativo efeito de acidificação, especialmente nos solos com deficiente protecção.

A lixiviação também contribui para a acidez dos solos, na medida em que renova os catiões que podem concorrer com o hidrogénio e o alumínio na formação de compostos complexos. O efeito da lixiviação na acidez dos solos é maior nas pradarias e florestas.

As chuvas ácidas são muito prejudiciais aos solos, que se podem tornar improdutivos, e às florestas, pois atacam fundamentalmente as folhas, acabando as árvores por morrer. São um fenómeno altamente nocivo, também, para o património construído, que é muito desgastado, como se pode verificar pelos inúmeros monumentos que a sua acção corroeu.

Referências do Documento:
  • chuva ácida. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Smog

 O termo smog resulta da junção de duas palavras inglesas: smoke (fumo) e fog (nevoeiro) e, tal como o nome indica, é o resultado da mistura de um processo natural (o nevoeiro) com os fumos resultantes da actividade industrial e queima de combustíveis fósseis, originando um tipo de nevoeiro que pode ser altamente tóxico, como o que atingiu o Vale do Mosa (Bélgica, 1930) ou Londres, em 1952.

O nevoeiro é um fenómeno meteorológico, resultante de uma inversão térmica natural: a temperatura do ar diminui à medida que se vai subindo na atmosfera, no entanto, sobretudo durante as manhãs de Inverno, quando ocorre um grande arrefecimento nocturno junto ao solo, as massas de ar das camadas mais baixas da atmosfera (altitudes inferiores a 200m) ficam mais frias que as camadas mais altas aquecidas pelo Sol, originando esta diferença de temperatura a condensação do vapor de água atmosférico, formando-se assim o nevoeiro. Em zonas não poluídas, ele não acarreta qualquer perigo, mas, junto a grandes aglomerados industriais e urbanos a poluição atmosférica pode ser enormemente agravada, já que os poluentes gasosos deixam de poder elevar-se na atmosfera devido à diferença de temperatura das massas de ar, concentrando-se assim junto ao solo, onde podem atingir concentrações perigosas e, até mesmo, tóxicas.

O smog é uma forma de nevoeiro poluidor da atmosfera, já que as partículas sólidas e líquidas (aerossóis) contidas nos fumos industriais e escapes, funcionam como pontos de condensação atmosféricos, agregando-se as moléculas de água em torno deles, originando assim um nevoeiro muito denso e particularmente perigoso devido às propriedades que as partículas em torno das quais ocorre condensação podem apresentar, como uma elevada acidez (por exemplo, ácido sulfúrico) ou toxicidade (por exemplo, metais pesados). Este fenómeno deve-se também a um ciclo de retroalimentação positiva, já que, quanto maior for o número de partículas (núcleos de condensação), mais denso é o nevoeiro, e, quanto mais denso este é, maior dificuldade têm as partículas de se libertarem para as camadas altas da atmosfera. É perigoso, sobretudo, devido à presença de elementos nocivos nas camadas baixas da atmosfera, como os óxidos de carbono, óxidos de azoto, hidrocarbonetos, metais pesados e anidrido sulfuroso - SO2, que facilmente se oxida em SO3, molécula esta que apresenta uma grande afinidade com a água, dando origem a aerossóis de ácido sulfúrico (H2SO4), responsáveis por nevoeiros e chuvas ácidas, com consequências altamente nefastas).

O smog pode assumir diferentes graus de periculosidade, sendo, regra geral, sempre tóxico e prejudicial aos organismos vivos, afectando sobretudo as vias respiratórias e olhos (conjuntivites), estando ainda presente o risco de envenenamento, devido a concentrações elevadas de aerossóis de metais pesados. Pode ainda ocorrer um aumento da incidência de determinados tipos de patologias bacterianas e virulogicas, já que estes agentes infecciosos podem também formar aerossóis, logo, aumentam a sua concentração aérea quando ocorre nevoeiro, incrementando as possibilidades de ocorrerem infecções.

Podem distinguir-se, consoante as propriedades físico-químicas dos aerossóis, dois tipos de smog: smog ácido (resultante, por exemplo, de elevadas concentrações de SO2 atmosférico) e smog fotoquímico oxidante, resultante da decomposição do NO2 pela radiação solar, indo o oxigénio libertado ligar-se a restos de cadeias de hidrocarbonetos voláteis, originando compostos perigosos, como peróxidos de azoto, peroxiacetilenos e perbenzoílo, substâncias extremamente tóxicas para a fauna e flora.

Referências do Documento:
  • smog. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Principais Fontes de Contaminação da Atmosfera / Poluição Atmosférica

Poluição Atmosférica

A estratosfera encontra-se entre os 15 e os 50 km acima da superfície da Terra. É nesta camada da atmosfera que a energia solar quebra algumas moléculas de oxigénio (O2). Os átomos de oxigénio (O) combinam-se com moléculas intactas de oxigénio (O2) e originam ozono (O3). A camada de ozono originada absorve os raios ultravioletas do Sol, evitando que estes atinjam a Terra. Se estes raios atingissem a Terra, a vida não seria possível, porque os seres vivos não toleram doses elevadas de radiação ultravioleta.

A troposfera é a camada atmosférica que envolve a Terra. É geralmente composta por 78% de azoto (N2), 21% de oxigénio (O2) e 0,03% de dióxido de carbono (CO2). O ar apresenta ainda, em maior ou menor grau, gases poluentes que são substâncias que têm efeitos perniciosos. Os seres vivos podem morrer quando a taxa de poluente atinge um nível elevado.
Acima do nível limiar, começam a sentir-se os efeitos da poluição. Contudo, esses efeitos dependem da concentração e do tempo de exposição. Altos níveis de poluição podem ser tolerados, desde que o tempo de exposição seja curto.

Não é a quantidade absoluta que é importante mas a dose, entendendo-se por dose o valor obtido multiplicando a concentração pelo tempo de exposição.

Os factores que determinam o nível de poluição são: a quantidade de poluentes no ar; o espaço no qual os poluentes estão dispersos; os mecanismos que removem os poluentes do ar.

Vulcões, fogos e tempestades de areia lançam fumos e outros poluentes naturais na atmosfera, por onde podem ficar durante milhões de anos. As árvores e outras plantas emitem para a atmosfera compostos orgânicos voláteis. Contudo, a biosfera possui mecanismos que removem, assimilam e reciclam os poluentes naturais. Quando os poluentes se dispersam na atmosfera, ocorre a sua limpeza, pois o radical hidróxido (OH) combina-se com muitos deles tornando-os inofensivos ou precipitando-os na Terra, onde os microrganismos do solo convertem alguns dos compostos em produtos inofensivos. A química de toda esta limpeza é complexa e está a ser investigada.

Com a descoberta do fogo, os humanos começaram a acrescentar a estes outros poluentes naturais. Durante séculos, a poluição provocada pelos humanos foi destruída pelos processos naturais e não teve naturalmente efeitos prejudiciais. Com a Revolução Industrial começou a utilizar-se o carvão para aquecimento e obtenção de energia, e a poluição do ar passou a ser significativa. Esta poluição tornou-se conhecida como "nevoeiro industrial", mistura de nevoeiro e fumo (smog), uma irritante mistura de compostos sulfurosos e vapor de água.

As substâncias estranhas que provocam a poluição atmosférica, na forma sólida, líquida e gasosa, concentram-se em suspensão na atmosfera. Não fazem parte da composição habitual do ar, onde por vezes se encontram em quantidades anormais.

As suas fontes possíveis são os procedimentos industriais e as combustões, tanto domésticas como industriais, principalmente de combustíveis sólidos (carvão) e líquidos (gasolina, petróleo, etc.), que produzem fumos, poeiras e óxido de enxofre, e também os veículos motorizados, cuja densidade nas regiões fortemente urbanizadas determinam uma poluição atmosférica elevada.

A importância de cada uma das fontes de poluição está relacionada com a concentração e a toxicidade dos agentes poluentes e das condições meteorológicas locais.

Das substâncias mais poluentes da atmosfera são de destacar os anidridos sulfurosos, o óxido de carbono, os óxidos de azoto, os hidrocarbonetos gasosos libertados depois da combustão incompleta dos hidrocarbonetos líquidos, o chumbo, os fluoretos, etc.

O anidrido sulfuroso é dos poluentes mais vulgares na atmosfera das grandes cidades e zonas industriais. O principal perigo representado pelo anidrido sulfuroso resulta das reacções químicas que em certas condições ambientais (humidade) o transformam em anidrido sulfúrico, que origina o ácido sulfúrico que está na base dos nevoeiros industriais (smog) e das chuvas ácidas.

As condições climáticas influem de maneira determinante na repartição da poluição atmosférica. O vento pode dispersar os agentes poluentes emitidos numa região determinada ou transportá-los para uma zona distante do seu ponto de emissão. As inversões térmicas (inversão de temperaturas) são também importantes para a poluição do ar sobre as cidades. Por vezes o ar mais quente das camadas superiores impede que o ar mais frio, próximo do solo, se eleve e disperse os poluentes.

O conhecimento de todos estes factores, ao nível microclimático, é indispensável para poderem ser estabelecidos os graus de poluição nos centros urbanos e industriais.
Referências do Documento:
  • poluição atmosférica. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2


Principais Fontes de Contaminação do Ar

Cidades mais Poluídas do Mundo

Atmosfera Terrestre

Atmosfera e seus constituintes


O ar, limpo e seco, é composto quase exclusivamente por dois gases - azoto ou nitrogénio, com 78%, e oxigénio, com 21%. Estes dois gases são os de maior significado para a vida na Terra e são os de menor importância nos fenómenos do tempo atmosférico. O restante 1% de ar seco é constituído fundamentalmente por um gás inerte, o árgon (0,93%), e uma pequeníssima quantidade de outros gases. O dióxido de carbono, presente em muito pequena percentagem (0,035%), é indubitavelmente um importante constituinte do ar, pela sua capacidade de absorver a energia calorífica irradiada pela Terra.

O ar inclui muitos gases e partículas cujo significado varia com o tempo de local para local. Exemplos muito significativos são o vapor de água, as partículas poluentes e o ozono. Todos presentes em pequena percentagem, têm efeitos significativos no estado da atmosfera e no clima.
No início do século XX, muitos estudos e descobertas foram feitos sobre a baixa atmosfera. O conhecimento sobre a parte superior da atmosfera tem sido adquirido por dados indirectos. Dados obtidos por balões e sondas revelaram que a temperatura do ar diminui com a altitude a partir da superfície da Terra.O ar, que constitui a atmosfera, é uma mistura de gases, cada um dos quais com as suas características físicas, nos quais estão em suspensão quantidades variáveis de pequenas partículas sólidas e líquidas.
A composição do ar não é constante, variando de local para local. Se fossem removidos da atmosfera o vapor de água, poeiras e outros variados componentes, poderíamos verificar que era muito estável até à altitude de cerca de 80 km.

Divisão da atmosfera em camadas


As camadas da Atmosfera Terrestre

Com base na temperatura, considera-se a atmosfera dividida em quatro camadas:

  • Troposfera - é a camada em contacto com o solo, onde vivemos, onde a temperatura decresce com o aumento da altitude. O termo significa literalmente a região onde o ar "rodopia", uma referência à turbulência atmosférica na zona mais baixa. A troposfera é o objecto principal de estudo dos meteorologistas, porque é nesta camada que, essencialmente, ocorrem os mais importantes fenómenos meteorológicos, principalmente nuvens e precipitações.
    A troposfera contém cerca de três quartos da massa total da atmosfera e quase todo o vapor de água.

A temperatura na troposfera diminui 6,5 oC por quilómetro. Para adquirir conhecimento das variações de pressão, ventos e humidade, utilizam-se radiossondas ligadas a balões que transmitem os dados via rádio à medida que ascendem na atmosfera.

A espessura da troposfera não se mantém constante. Varia com a latitude e com a estação do ano. (Nas zonas polares atinge normalmente menor espessura devido ao estado de contracção dos seus componentes, provocado pelas baixas temperaturas.) Em termos médios, a temperatura decresce até à altitude de 12 km, podendo alcançar na região mais alta a temperatura de -63 oC. O bordo superior da troposfera denomina-se tropopausa.

  • Estratosfera - sobrepõe-se à troposfera, atingindo a altitude de cerca de 50 km.
    Na estratosfera, a temperatura mantém-se constante até à altitude de cerca de 20 km e começa então a aumentar até ao limite desta camada, limite esse que se denomina estratopausa.
    Abaixo da tropopausa, a humidade e a temperatura atmosféricas são transferidas com grande turbulência. Acima da tropopausa, na estratosfera, isso não acontece.
    A razão do aumento de temperatura nesta camada é a existência de uma grande concentração de ozono. O ozono absorve a radiação ultravioleta do Sol e como consequência a estratosfera é aquecida. A temperatura nas zonas mais altas varia entre os -13 oC e os +18 oC.

  • Mesosfera - fica situada acima da estratosfera. Nesta camada, a temperatura decresce com a altitude até à mesopausa, bordo superior da mesosfera, a uma altitude de cerca de 80 km acima da superfície da Terra. As temperaturas aproximam-se dos -90 oC. Contém uma pequena porção de ozono e vapores de sódio que desempenham papel importante nos fenómenos luminosos da atmosfera.

  • Termosfera - é a camada que recobre a mesopausa e não tem bem definido o limite superior. É constituída por uma diminuta fracção da massa atmosférica.
    Na extrema rarefacção do ar desta camada mais afastada, as temperaturas continuam a aumentar devido à radiação produzida da elevada energia solar pelos átomos de oxigénio e azoto. As temperaturas podem atingir valores extremamente altos, de mais de 1000 oC. Contudo, este conceito de temperatura não é o mesmo que é utilizado na superfície da Terra. A temperatura é definida em termos de velocidade média das moléculas em movimento. As moléculas dos gases da termosfera deslocam-se a alta velocidade e a temperatura atingida é muito alta. Mas, como são muito esparsas, o percurso livre das partículas é muito grande, cerca de 100 km, não há repartição uniforme da energia e no seu conjunto possuem uma insignificante quantidade de calor. Por esta razão, a temperatura dos satélites artificiais que orbitam a Terra na termosfera é determinada principalmente pelo aumento de radiação solar absorvida e não pela temperatura da quase inexistente atmosfera que rodeia o satélite. Os constituintes gasosos não formam moléculas electricamente neutras, mas apresentam-se na forma iónica, isto é, carregados electricamente em virtude do constante bombardeamento dos seus elementos pelas radiações solares.

As regiões inferiores da termosfera desempenham um papel importante nas transmissões por rádio e televisão, pois reflectem as ondas hertzianas emitidas pela Terra, possibilitando a sua captação pelas estações receptoras.

É na termosfera, devido aos fenómenos de ionização, que ocorrem as auroras boreais.
Há autores que consideram uma quinta camada, a partir dos 700 km de altitude, a exosfera, em que ocorreria a fuga molecular para o espaço e o movimento das partículas ocorreria em órbitas livres.


Referências do Documento:
  • atmosfera. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Funções da Atmosfera Terrestre


Funções da Atmosfera Terrestre


Tratamento de Resíduos

É fundamental que uma sociedade que produz muitos resíduos saiba tratá-los de forma a que, por um lado, consiga diminuir a sua quantidade e, por outro lado, tire deles proveito. De uma situação em que existiam lixeiras a céu aberto, onde eram colocados todos os tipos de resíduos, passou-se para uma gestão mais efectiva e controlado dos mesmos. Para isso, construíram-se Centrais de Incineração, Estações de Tratamento de Resíduos Sólidos e Urbanos (ETRSU), Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) e Aterros Sanitários (AS).

Nas incineradoras, os lixos são queimados a temperaturas da ordem dos 800 ºC. Nos AS e ETRSU, os resíduos são separados, tratados e colocados de forma a não contaminarem os ecossistemas.

Para valorizar determinados resíduos utilizam-se processos como a reciclagem e a compostagem. A reciclagem de papel e vidro, por exemplo, permite a conversão daqueles materiais usados em novos produtos de papel e de vidro. Os resíduos orgânicos podem passar pelo processo de compostagem que permite a decomposição aeróbia da matéria orgânica através da acção de microrganismos. Como resultado desta decomposição obtém-se um composto rico em húmus que pode ser utilizado como fertilizante, melhorando a qualidade dos solos. A compostagem pode realizar-se em grande escala, nas ETR, ou em pequena escala, ao nível doméstico. Como é um processo de degradação da matéria orgânica, a compostagem pressupõe a recolha selectiva de resíduos. Também os biossólidos (lodos tratados), resultantes do tratamento de águas das ETAR, podem ser utilizados como fertilizantes dos solos. A utilização destes fertilizantes naturais (composto e biossólidos) implica a diminuição do uso de fertilizantes sintéticos.

Da degradação de resíduos orgânicos das explorações de produção animal, da indústria agro-alimentar e das ETRSU liberta-se um gás combustível - o biogás -, particularmente rico em metano, que pode ser utilizado como fonte de energia. Dos óleos alimentares e dos motores usados pode produzir-se o biodiesel para ser utilizado como combustível de veículos motorizados. Também do processo de incineração se obtém energia térmica que poderá servir para o aquecimento urbano e para a produção de electricidade.
Referências do Documento:
  • tratamento de resíduos. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Resíduos Sólidos Urbanos (RSU)

Os resíduos são materiais que, por terem perdido a utilidade, se deitam fora. Os resíduos sólidos urbanos, também chamados de lixos domésticos, incluem embalagens de produtos alimentares ou de outros produtos, papel, pilhas, plásticos, roupa, latas, tinteiros, óleos, cartão, restos de comida e outros. A sociedade contemporânea produz resíduos sólidos urbanos em grande quantidade e o seu destino tem sido um problema. Até ao final do século passado, as lixeiras a céu aberto eram, no nosso país, o destino preferencial deste lixo. Esta situação causava vários problemas ambientais como: poluição do ar por maus cheiros e queima do lixo; poluição da água e dos solos por arrastamento de metais e outras substâncias perigosas pelas águas das chuvas para os lençóis subterrâneos; e proliferação de moscas, mosquitos, ratos e outros animais que encontram alimento seguro nos locais onde o lixo é acumulado e que são transmissores de doenças. Como forma de acabar com as lixeiras criaram-se aterros sanitários onde se depositam os lixos em segurança e estações de tratamento onde os resíduos sólidos e urbanos são separados e incinerados ou utilizados para compostagem.

Referências do Documento:
  • resíduos sólidos urbanos (RSU). In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Resíduos

Os resíduos podem ser entendidos como substâncias sem utilidade, provenientes da actividade humana, que são deitadas fora, contaminando os vários subsistemas terrestres.

Os resíduos podem ser biodegradáveis, podendo ser transformados em substâncias novamente utilizáveis, ou não degradáveis, acumulando-se no ambiente.

Os principais tipos de resíduos produzidos pelo Homem são os resíduos sólidos urbanos (RSU), essencialmente resíduos domésticos e outros resíduos semelhantes; os resíduos industriais, que resultam da actividade industrial; os resíduos agrícolas, produzidos pelas actividades agrícola, pecuária e outras actividades afins; e os resíduos hospitalares, provenientes da prestação de cuidados de saúde.
O tratamento dos resíduos reduz os impactes ambientais negativos.

Referências do Documento:
  • resíduos. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Decomposição dos Resíduos provocados por Actividades Económicas

As principais consequências dos resíduos são:
  • a contaminação das águas subterrâneas
  • a poluição atmosférica, resultante da queima de resíduos
  • as doenças provocadas pela presença de metais pesados em resíduos industriais
  • os maus cheiros junto dos locais onde são depositados~
  • as lixeiras a céu aberto

Espécies em Vias de Extinção

As espécies em vias de extinção são aquelas cujo número de indivíduos é muito reduzido, com iminente perigo de desaparecerem se não forem protegidas. A moderna ecologia faz a distinção entre as espécies em vias de extinção e as espécies ameaçadas ou em perigo de extinção, constituindo estas últimas as espécies cuja população, apesar de ter diminuído, não se encontra prestes da extinção.

Pouco se sabe sobre o processo de extinção de espécies, que também se pode considerar como um passo da evolução, visto que a eliminação das espécies antigas deixa lugar a espécies novas. É provável que os predadores e as mudanças ambientais tenham desempenhado um papel importante na extinção de populações do passado. Admite-se que a adaptação seja a força mais importante que provoca a extinção de uma população. É esta mesma força que dirige a evolução. Ao longo do tempo, uma população pode adaptar-se de maneira tão específica ao seu ambiente e atingir tal especialização que não tem condições de resistir a alterações ambientais. É o caso de um nemátodo que só pode sobreviver nos barcos cervejeiros alemães. Os processos de extinção podem ser os mais difíceis de estudar, em virtude de a relação entre as forças que actuam e a adaptação do organismo ser muito difícil de determinar.

Os humanos determinaram a extinção de muitas espécies quer através da predação, quer pelo facto de terem desorganizado de tal maneira o ambiente natural de certas populações que tornaram impossível a sua sobrevivência.

Mais de 90% das espécies que até hoje existiram desapareceram ao longo dos tempos geológicos. Começaram a extinguir-se por processos naturais, sendo substituídas por outras espécies "melhores" ou "mais bem adaptadas".

Quando os humanos apareceram, aprenderam a matar organismos como fonte de alimento, comércio ou desporto, alterando, com frequência, os meios ambientais naturais durante o processo. Desta maneira, a taxa de extinção foi-se elevando de maneira progressiva, até que no começo do século XX atingiu a taxa de uma espécie por ano.

Na actualidade, quando os meios naturais são degradados e destruídos em todas as zonas do mundo, esse coeficiente eleva-se supostamente a uma espécie por dia. Alguns biólogos ainda o consideram mais elevada, admitindo que, em meados do século XXI, a extinção possa atingir a quarta parte de todas as espécies.
Atendendo à sua escala e ao tempo necessário, este processo de extinção representará um desastre maior que qualquer outra extinção ocorrida desde o começo da vida. Poderá exceder a "grande extinção" dos dinossauros e suas famílias, assim como dos organismos a eles associados, há cerca de 65 milhões de anos, quando desapareceu uma grande parte das espécies da Terra.

A maior parte dos cinco a dez milhões de espécies que se julga existirem actualmente são invertebrados. Os insectos representam cerca de 80%. É entre os invertebrados, e especialmente entre os insectos, que a taxa de extinção é mais elevada hoje em dia.

Quando os biólogos referiam que se estava a perder uma espécie por ano, referiam-se quase exclusivamente aos mamíferos e aves, que representam no total cerca de 13 000 espécies.

Os botânicos organizaram informações detalhadas sobre as plantas que na actualidade se encontram ameaçadas ou em vias de extinção. São cerca de 25 000 espécies vegetais. Os botânicos admitem que, na prática, existam cerca de 20 a 40 espécies animais que dependem destas espécies vegetais para a sua sobrevivência. Sendo assim, por cada espécie vegetal que se extinga podem desaparecer muitas outras espécies animais.

Sabe-se que, entre as espécies vegetais, uma em cada dez está ameaçada de extinção e uma proporção semelhante pode aplicar-se aos mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes.

A redução do número de espécies sobrevivente a esta onda de extinção pode incluir algumas "espécies oportunistas" capazes de se deslocarem para os nichos ecológicos que ficarem vazios pelo processo de extinção e aí prosperarem, criando um mundo dominado por pragas.

Tal e qual como o órgão que se atrofiou não volta a desenvolver-se, uma população extinta não torna a aparecer (lei de irreversibilidade da evolução).

A nível global são várias as espécies em perigo de extinção, como, por exemplo, as baleias e os pandas, espécies cujo número de efectivos não permite, sem uma intervenção visando a sua recuperação, manter a espécie viável por muito mais tempo. A criação de reservas naturais e a procriação em cativeiro (natural ou assistida), seguida da sua libertação em áreas protegidas, são algumas das formas de evitar a extinção destas espécies.

Em Portugal, é de salientar o perigo em que se encontram algumas espécies de rapinas e, sobretudo, a já quase inevitável extinção de uma espécie de felino única no mundo: o lince da Serra da Malcata. A "Grande Branca da Madeira", cujo nome científico é Pieris brassicae wollastoni, foi considerada a primeira borboleta oficialmente extinta em território europeu, como resultado de alterações ambientais provocadas pela acção humana. Na conferência Butterfly Conservation Europe, ocorrida na localidade alemã de Laufen, em Outubro de 2007, os especialistas apontaram como causas prováveis do seu desaparecimento o aumento do índice de construção e a poluição causada por fertilizantes agrícolas.

Referências do Documento:
  • espécies em vias de extinção. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Espécies em Vias de Extinção no Mundo

Desertificação

Deserficação

O conceito de desertificação pode ser definido, de acordo com a "Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação", como a degradação da terra nas zonas áridas, semi-áridas e sub-húmidas, resultante de factores diversos, tais como as variações climáticas e as actividades humanas.
Apesar de ser um problema já muito antigo, só recentemente, nas últimas duas ou três décadas, a desertificação passou a ser um objecto de preocupação para muitos governos, devido ao facto de afectar a produção de alimentos e as condições de vida de milhões de pessoas.

As áreas abrangidas pelo problema da desertificação cobrem cerca de 33% da superfície terrestre, num total de aproximadamente 51 720 000Km2, afectando cerca de 900 milhões de pessoas, sendo África o continente mais afectado. A estas áreas podem ainda acrescentar-se as zonas hiper-áridas (desertos), que ocupam 9 780 000 Km2 (16% da superfície terrestre).



Risco de Desertificação a nível mundial

Regiões Semiáridas e Áridas de África


As causas conducentes à desertificação são diversas, podendo ter origem natural, como mudanças climáticas naturais, a exemplo da que conduziu à formação do deserto do Sara, entre 5000 a.C. e 1000 a.C., ou, antropológicas, isto é, devidas à acção do humana. A FAO ( Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) propõe cinco áreas de acção humana, como potenciadoras do efeito de desertificação:
  1.  degradação das populações animais e vegetais (degradação biótica ou perda da biodiversidade) de vastas áreas de zonas semi-áridas devido à caça e extracção de madeira;
  2. degradação do solo, que pode ocorrer por efeito físico (erosão hídrica ou eólica e compactação causada pelo uso de máquinas pesadas) ou por efeito químico (salinização ou solidificação);
  3. degradação das condições hidrológicas de superfície devido à perca da cobertura vegetal;
  4. degradação das condições geohidrológicas (águas subterrâneas) devido a modificações nas condições de recarga;
  5. degradação da infra-estrutura económica e da qualidade de vida dos assentamentos humanos.
Estes cinco componentes traduzem, de um modo genérico, os impactes negativos da acção do homem nos ecossistemas naturais, conduzindo à sua destruição e consequente desertificação. A poluição dos solos, a agricultura intensiva, o uso de químicos agrícolas, a sobreexploração madeireira, o pastoreio intensivo, a pressão urbanística, a extracção de areias e as alterações climáticas (nomeadamente, dos regimes de pluviosidade) devidas ao aumento artificial do efeito de estufa, são factores que, combinados, conduzem à destruição de solos, impedindo qualquer produção agrícola ou crescimento vegetal significativo, de, segundo dados das Nações Unidas, 6 milhões de hectares (60000 Km2) de solos, por ano, levando a percas económicas, devidas à desertificação, num valor de cerca de 4 biliões de dólares anuais.
A nível internacional têm sido tomadas várias medidas para tentar por cobro ao avanço da desertificação, sendo de destacar o Plano de Acção e Combate à Desertificação das Nações Unidas (1977), a Conferência das Nações Unidas sobre a Desertificação (Nairobi, 1977), os acordos de protecção ambiental e exploração controlada de recursos assumidos na ECO´92 (Conferência do Rio de Janeiro, também promovida pelas Nações Unidas, 1992) e ainda a elaboração do Map of the world distribution of the arid regions (UNESCO, 1970) e do World Atlas of Desertification (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente).
O problema da pobreza está também directamente ligado à desertificação, já que 800 milhões de pessoas que não têm uma alimentação adequada vivem em regiões secas, necessitando de (sobre)explorar os parcos recursos que o meio disponibiliza para poderem obter alimento, agravando assim ainda mais a pressão de desertificação, num ciclo de retroalimentação positiva. Como tal, é obvio que antes da tomada de medidas de cariz conservacionista seja necessário primeiro garantir a subsistência dos habitantes destas áreas, o que implica a tomada de medidas económicas, políticas e até de redistribuição geográfica das populações, em algumas zonas do globo.
Em Portugal, o problema da desertificação coloca-se ao nível de algumas zonas secas, com regimes de pluviosidade muito baixos, como é o caso de certas regiões do Alentejo e interior Algarvio.
Um outro tipo de desertificação, a desertificação humana, é também um problema actual, devido à migração das populações do interior para as áreas litorais, desertificando as áreas interiores e originando uma pressão humana muito grande junto ao litoral.
A 17 de Junho, comemora-se o Dia Mundial da Luta contra a Desertificação e a Seca.
Referências do Documento:
  • desertificação. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Desflorestação

Desflorestação

O termo floresta designa um ecossistema caracterizado por uma formação vegetal lenhosa, onde as árvores ocupam um lugar predominante. A desflorestação traduz-se precisamente pela destruição massiva destes ecossistemas, a ritmos que atingem 1,2% do total das florestas virgens existentes, por ano, com o objectivos de obter determinados produtos (madeira, carvão vegetal, por ex.) ou áreas livres (destinadas à prática da agricultura ou urbanização), por e para o homem.

Se desde sempre se procedeu ao abate de árvores e limpeza de determinadas áreas florestais, actualmente, o termo desflorestação revestiu-se de uma muito maior intensidade e pertinência, devido não apenas ao tamanho imenso das áreas desflorestadas ( entre 15 a 20 milhões de acres de floresta tropical por ano, ritmo que conduzirá ao seu desaparecimento total dentro de cerca de 100 anos), mas também ao facto de a desflorestação não ser acompanhada de uma reflorestação, sendo frequente que os danos produzidos sejam de tal ordem que até mesmo os mecanismos naturais pelos quais a natureza regenera os ecossistemas naturais são bloqueados intencionalmente, por exemplo, pela pavimentação dos solos (estradas).

A Desflorestação a nível mundial


Perda de Floresta Tropical entre 1960 e 1990

As causas da desflorestação, mau grado a acção de alguns factores naturais, como fogos de origem natural (exemplo: devidos a relâmpagos) e alterações climáticas (exemplo: as glaciações), são, na esmagadora maioria dos casos, de origem antropológica. ´

O aumento demográfico exige naturalmente mais áreas para urbanização e, sobretudo, mais terrenos para a prática agrícola, dada a necessidade de aumentar a produção alimentar mundial. No entanto, a ampliação de áreas disponíveis nem sempre é conseguida de forma racional: por exemplo, os incêndios propositadamente ateados para limpeza da floresta tropical conduzem frequentemente a uma destruição excessiva do meio ambiente relativamente às necessidades reais. As quantidades necessárias crescentes de vários tipos de produtos florestais, como a madeira (usada para a construção, mobiliário, produção de papel, etc.), são também um factor de pressão sobre a floresta.

Outras consequências da actividade humana são também altamente prejudiciais para a floresta, nomeadamente as resultantes da actividade industrial, contribuindo directamente para a poluição hídrica e atmosférica, as quais, actuando de modo concertado, aumentam a debilidade das espécies vegetais e dos solos em que estas se fundamentam. A deposição de depósitos ácidos (por exemplo, resultantes das interacções atmosféricas dos óxidos de azoto e enxofre) sobre a folhagem das árvores leva a uma aumento da lixiviação (remoção) dos elementos nutritivos, afectando também os solos, onde vão dificultar a absorção de água e de sais minerais pelas raízes da planta. A acidificação dos solos, além de ser um factor já por si nefasto, contribui ainda para um outro tipo de poluição, já que a diminuição do pH do solo contribui para uma maior solubilidade de iões de metais pesados (exemplo: Alumínio), altamente tóxicos para os seres vivos.

A deposição de substâncias ácidas tem sido, segundo estudos levados a cabo pela União Europeia, o principal factor responsável, nos finais do século XX, pelo declínio das florestas europeias. Estes mesmos estudos apontam os gases sulfurosos e nitrogenados (resultantes sobretudo da queima de combustíveis fósseis e do uso intensivo de adubos químicos) como os principais responsáveis pelo facto de apenas 35% das florestas europeias se apresentar saudável, sendo que 40% apresentam várias perturbações e 25% estão claramente danificadas. Embora se assista a uma recuperação gradual em algumas florestas de pinheiro silvestre no norte da Europa, a situação na zona Mediterrânea não apresenta evolução positiva, sendo os fogos florestais um factor ainda muito importante na desflorestação massiva que se observa em países mais a sul, como é o caso de Portugal.

A exaustão dos solos e a sua intoxicação por práticas agrícolas intensivas e uso excessivo de produtos químicos (por exemplo: adubos, pesticidas), assim como um pastoreio excessivo, sobretudo em zonas de transição climática (exemplo: nos limites das zonas desérticas africanas) são também factores importantes de desflorestação.
Quanto às consequências da desflorestação, elas são extremamente diversificadas e preocupantes, dado o seu elevado impacto ambiental:
  • diminuição da biodiversidade (directa e também indirectamente, pela destruição de habitats);
  • aumento da concentração de dióxido de carbono atmosférico e consequente incremento do efeito de estufa, conducente ao aumento da temperatura global do planeta, já que as árvores são uma fonte de depuração do CO2 atmosférico, utilizando-o como matéria-prima na realização da fotossíntese, libertando oxigénio do qual são a principal fonte atmosférica. Nos climas temperados um hectare de floresta fixa, em média, 9 toneladas (T) de dióxido de carbono por ano, libertando 6.6 T de oxigénio. Além disto, um hectare de floresta liberta, pelo menos, cerca de 1500 T de vapor de água, por ano;
  • aumento da erosão dos terrenos e consequente aumento da aridez e impossibilidade de recuperação de solos para qualquer fim, agrícola ou florestal, conduzindo à desertificação de algumas áreas.
  • alteração dos regimes de pluviosidade, sobretudo na zona das florestas tropicais, devido ao facto das arvores serem o principal intermediário (através das suas raízes e folhas) entre as águas profundas do solo e o vapor de água atmosférico;
  • alterações nos ciclos biogeoquímicos da água, do oxigénio e do carbono;
  • aumento da dispersão de poluentes, já que as florestas, sobretudo as situadas em torno de áreas industriais densas, funcionam como uma rede depuradora, retendo determinados poluentes;
  • alterações climáticas nas áreas florestais tropicais desflorestadas, nomeadamente com a transferências das chuvas dos continentes para os oceanos equatoriais;
  • percas irreversíveis de património genético, inclusive de espécies desconhecidas do homem, e cujo potencial (exemplo: farmacológico) poderá ser incalculável.
  • A diminuição da desflorestação é urgente, assim como a necessidade de iniciar o mais rapidamente possível a recuperação das florestas existentes e a reflorestação de áreas já afectadas.
Em Portugal, a Lei de Base da Política Florestal e o Acordo de Concertação Estratégica 96/99 estabelece a competência da administração para a elaboração de um Plano Mobilizador Nacional para a Floresta, havendo já um plano de trabalho apresentado pela Direcção Geral de Florestas (DGF), órgão do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e Pescas (MADRP), que tem por objectivo o desenvolvimento sustentável da floresta. A nível comunitário, a preservação de ambientes naturais é uma preocupação, expressa na existência de programas de acção intergovernamentais, como o programa LIFE (criado em 1992 e reformulado em 1996), a directiva comunitária "Habitats" (92/43/CEE) e a criação da "Rede Natura 2000".
A preservação das florestas terá que passar por uma melhor gestão dos recursos florestais, racionalizando a exploração e aumentando os índices de reflorestação. A diminuição do consumo de papel, da poluição industrial e da exploração madeireira são também fulcrais, assim como a criação de práticas agrícolas mais produtivas, menos exigentes em termos de área e menos agressivas para o ambiente, diminuindo a quantidade de produtos químicos necessários na agricultura (adubos, fungicidas, etc.). A diminuição do índice de crescimento demográfico é também urgentemente necessária, através da criação de planos de auxílio ao planeamento familiar por forma a permitir um maior controlo da natalidade, como forma de reduzir a pressão sobre a capacidade (limitada) de suporte dos ecossistemas naturais. Os apoios económicos a países em vias de desenvolvimento e do terceiro mundo que baseiam a sua economia na (sobre)exploração florestal serão também fulcrais, estimulando a sua indústria a encontrar outros caminhos de viabilização.
Referências do Documento:
  • desflorestação. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Causas da Desflorestação

Poluição

Poluição

A ideia de poluição aparece associada à presença de elementos tóxicos que impossibilitam ou dificultam gravemente a vida tal como nós a conhecemos, seja a nível local, seja a nível global. A poluição atmosférica e a poluição dos rios, resultante de efluentes industriais e urbanos, caracterizam-se justamente pelos seus níveis de toxicidade. Já a poluição sonora é de um tipo diferente, pois consiste na existência de determinados níveis de ruído.

Todos os tipos de poluição são lesivos das várias formas de vida. Por vezes, provocam alterações dos ecossistemas que obrigam as espécies a adaptar-se às novas condições ambientais. A deslocação de populações é também um resultado possível. Casos há em que a degradação radical dos ecossistemas conduz à extinção de espécies.

A consciência destes problemas tem levado à adopção de medidas de controle da poluição por entidades governamentais de numerosos países e por certos organismos supranacionais. O controle da poluição passa por uma grande diversidade de medidas, da imposição de regras à actividade industrial e do investimento em equipamentos de reciclagem até aos pequenos gestos do quotidiano.

Referências do Documento:
  • poluição. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Biosfera

A Biosfera eos diferentes Meios Naturais

O planeta Terra pode considerar-se dividido em várias esferas, de acordo com a sua composição e estado físico: a atmosfera (formada por gases, sendo o azoto o elemento predominante), a hidrosfera (engloba todos os meios onde a água é o elemento dominante - rios, oceanos, etc.), a litosfera (parte superficial rígida do globo terrestre, formada por rochas) e a biosfera, a qual pode ser definida como o conjunto formado por todas as espécies vivas e os meios em que elas evoluem.

A biosfera não apresenta limites espaciais definidos, sendo considerada como o conjunto de todos os territórios e áreas onde a vida é permanente. Os elementos predominantes são o carbono e a água, a qual entra em elevada percentagem na composição de todos os seres vivos, excepção feita a algumas formas de vida dormentes, como é o caso das sementes, que se apresentam, regra geral, desidratadas, sendo a quebra da dormência (início da vida activa) marcada por uma prévia hidratação.

A biosfera apresenta relações dinâmicas com todas as outras esferas: obtém água da hidrosfera, oxigénio da atmosfera, libertando nela dióxido de carbono, ocupa partes da litosfera, hidrosfera e camadas baixas da atmosfera, sendo que, inclusivamente, alguns dos componentes da litosfera são de origem orgânica (exemplo: calcário conquífero), assim como partes significativas do fósforo, cálcio e carbono que compõem as rochas. Mas, se por um lado se encontra um número elevado de componentes originários da biosfera no mundo não vivo, o inverso não é estritamente verdadeiro, já que o alumínio e o silício, elementos predominantes do mundo mineral, apenas estão presentes em concentrações residuais nos seres vivos.
A biosfera é caracterizada por um enorme dinamismo energético, originada quer pela energia que capta do Sol, armazenando-a nos compostos químicos elaborados no decurso da fotossíntese, quer pela energia (exemplo: térmica) que liberta para o meio, e ainda pela sua influência nos ciclos geoquímicos, logo, no fluxo de energia do planeta.

O homem é apenas um dos muitos organismos vivos que habitam a biosfera, mas devido às suas características muito particulares, acaba por ser um dos mais importantes factores condicionantes da própria biosfera por causa do impacte das suas actividades no meio ambiente, muito superior ao de qualquer outro animal. Os factores conducentes a este elevado impacto do homem na biosfera, devem-se a dois factores:
  • o aumento contínuo da população, em resultado do aumento da esperança média de vida, sendo vulgar o convívio de três ou mesmo quatro gerações, devido ao emprego de métodos tecnológicos (medicamentos, alimentação, etc.);
  • consumo exagerado de matérias-primas e energia, o que acarreta uma sobre-exploração dos recursos naturais e perda de biodiversidade.

A tomada de consciência do impacto da actividade humana na biosfera levou a que a UNESCO e o
Conselho da Europa criassem uma rede de Reservas da Biosfera, isto é, locais onde o património natural, genético e paisagístico permanece inalterado, não adulterado pelo homem.

Maiores Problemas Ambientais provocados pelo Ser Humano na Actualidade


O Sistema Terra-Ar-Água e as Ameaças provocadas pelo ser humano

O papel do ser humano nos ecossistemas é distinto do de outros seres vivos: devido às suas características, ele é o único elemento que pode, conscientemente, alterar o equilíbrio ou a estabilidade dos ecossistemas. Estas influências podem ser diversas:
  • equanto predador, elimina espécies para a obtenção de determinados bens (peles, marfim ou outros produtos)
  • com o avanço tecnológico, provoca grandes desequilíbrios nos ecossistema, nomeadamente poluição do ar, contaminação das águas ou erosão dos solos
  • com o desenvolvimento dos processos de industrialização e urbanismo, realiza uma crescente pressão sobre os recursos naturais do Planeta
Esta pressão tem consistido numa maior procura e utilização dos recursos, gerando uma delapidação das reservas, situação que provoca um conjunto de problemas:
  • aquecimento global e as mudanças climáticas
  • desertificação
  • destruição da camada de ozono
  • chuvas ácidas
  • poluição dos oceanos e dos rios
  • contaminação das águas subterrâneas
  • desflorestação
A excessiva exploração dos recursos naturais por parte do ser humano é responsável, em muitos casos, pelo esgotamento dos mesmos.

Entre os recursos em que a acção humana tem sido mais delapidadora, destacam-se:
  • recursos florestais
  • recursos energéticos
  • recursos mineiros e solo
  • recursos hídricos

Os Principais Problema Ambientais do Mundo

Os Principais Problema Ambientais da Europa

Factores Humanos que Interferem no Sistema Terra-Ar-Água

Factores Humanos que Interferem no Sistema Terra-Ar-Água

A acção do ser humano sobre o ambiente tem os seguintes objectivos:
  • aumentar as produções agrícolas
  • produzir bens industriais
  • ocupar o solo

Desenvolvimento Sustentável


Desenvolvimento Sustentável

  Conceito formulado pela primeira vez em 1992, na Conferência do Rio de Janeiro - uma conferência das Nações Unidas sobre ambiente e desenvolvimento, também conhecida como Cimeira da Terra. Trata-se de uma estratégia abrangente, compreendendo não só uma dimensão ambiental como também económica e social, que tenta conciliar progresso e crescimento económico com uma adequada preservação da natureza.

A questão do desenvolvimento sustentável não surgiu por acaso. De facto, se as décadas anteriores a 90 foram, por um lado, de forte crescimento económico, também se caracterizaram por grandes e frequentes atropelos do meio ambiente, como, por exemplo, poluição, destruição de florestas e extinção de espécies animais e vegetais. Por outro lado, a consciência ecológica das populações foi ganhando forma ao longo das décadas de 70 e 80, de tal modo que se tornou capaz de exercer pressão sobre os responsáveis políticos no sentido de tomarem iniciativas de preservação do ambiente.

No fundo, o novo conceito implica que se desenvolvam as actividades económicas conducentes à satisfação das necessidades actuais de forma a que não se comprometa a sua satisfação no futuro.

Utiliza-se frequentemente a expressão "desenvolvimento sustentado" como sinónimo de "desenvolvimento sustentável", embora existam autores que distingam as duas denominações: a primeira dirá respeito àquilo que se sustenta com base em factores terceiros, exógenos, enquanto que a segunda, mais defendida neste contexto, estará associada ao desenvolvimento que se sustenta por si e que é capaz de combinar adequadamente o crescimento económico com a protecção dos recursos e a coesão social.

Referências do Documento:
  • desenvolvimento sustentável. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Cimeira da Terra


Cristo Redentor
Rio de Janeiro
Brasil

A Conferência das Nações Unidas para o Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como ECO 92, realizou-se no Rio de Janeiro entre 3 e 14 de Junho de 1992. Teve como objectivo reconciliar o desenvolvimento económico com a protecção do ambiente. A presença de 117 chefes de Estado (a maior reunião de líderes de sempre) comprovou o interesse posto ao mais alto nível político na defesa do planeta. De facto, a Cimeira significou o despertar definitivo das nações para as questões ambientais.

A Cimeira aprovou diversas convenções, de entre as quais se destacam a convenção da diversidade biológica e a do aquecimento global da Terra. A primeira obriga os Estados a proceder a um inventário das espécies de plantas e de animais selvagens que se encontram em perigo de extinção no seu território, e a segunda exige que as nações reduzam a sua emissão de dióxido de carbono, metano e outros gases que sejam responsáveis pelo buraco na camada de ozono da atmosfera.

No total, a Declaração do Ambiente e Desenvolvimento da Cimeira do Rio produziu 27 princípios fundamentais tendentes a salvar a Terra dos perigos provocados pelo desenvolvimento industrial e económico, atendendo, sobretudo, à necessidade de manutenção de um equilíbrio entre esse mesmo desenvolvimento e os recursos não-renováveis do planeta.

O decorrer dos trabalhos da Cimeira ficou marcado por alguns momentos de tensão. Em causa estava um conflito de interesses dos países ricos do norte (Europa Ocidental e Estados Unidos) com os países pobres e pouco desenvolvidos do sul (África e América Latina, Médio Oriente e algumas partes da Ásia). Os países do sul mostraram alguma resistência à perspectiva de terem que travar o crescimento e o desenvolvimento das suas economias em função dos valores de defesa do meio ambiente, a não ser que para tal fossem apoiados financeiramente pelos países do norte. No final, porém, foi possível chegar a um conjunto de acordos. A prática tem demonstrado, contudo, que nem todos os países levam igualmente a sério os princípios ecológicos focados na Cimeira.

Com o objectivo de aferir o resultado dos acordos estabelecidos, foram realizadas mais duas cimeiras deste género no âmbito da ONU: a primeira ocorreu em 1997, em Nova Iorque, e a segunda em 2002, em Joanesburgo.

Referências do Documento:
  • Cimeira da Terra. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Educação Ambiental

Ciência que estuda o ambiente no seu conjunto, num dado momento, tendo em conta os dados físicos, químicos, biológicos e os factores sociais capazes de terem um efeito directo ou indirecto, imediato ou a longo prazo, sobre os seres vivos e as actividades humanas.

Um dos objectivos da educação ambiental é a educação da população humana para um desenvolvimento sustentável, ou seja, consciencializar a população para o ambiente e os seus problemas, fornecendo conhecimentos e competências que possibilitam a sua intervenção no sentido da melhoria da qualidade do ambiente.

Os principais objectivos e princípios da educação ambiental foram pela primeira vez definidos na Carta de Belgrado, um documento produzido no colóquio "Educação Relativa ao Ambiente", promovido pela UNESCO e pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente, em 1975, em Belgrado.

Referências do Documento:
  • educação ambiental. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Ambientalismo

Por ambientalismo entenda-se a promoção da conservação e recuperação do meio ambiente, podendo designar-se também por conservacionismo. O ambientalismo assume duas facetas: a política e a científica. A primeira pressupõe o assumir do ambientalismo, ou "Política Verde", como objecto de luta política, podendo ser moderado ou radical, nem sempre científico; a segunda, não descurando o activismo e mesmo alguma radicalidade, é essencialmente moderada e com maior base em princípios científicos. Não se deverá, todavia, confundir com ecologia, que é o ramo da biologia que estuda as relações entre os seres vivos e o meio natural em que vivem ou de que dependem. Ambientalismo é acima de tudo acção, campanha a favor do ambiente. Como o ecologista é o estudioso da ecologia, enquanto que ambientalista é todo aquele, isolado ou em grupo, que se preocupa com a degradação do ambiente, que pretende impedir e ajudar, politicamente, a preservar.
No ambientalismo poderíamos referir como exemplo o Greenpeace, grupo radical de luta pela preservação ambiental, mas sem extremismo político, como acontece com outros movimentos. Estes grupos, radicais ou extremistas, mais ou menos politizados, são porém pouco ou nada científicos, demonstrando-o, por exemplo, quando negam conhecimento, por parte da comunidade científica, dos problemas e incidências do aquecimento global na Terra. O ambientalismo é já considerado, nos EUA, como um "grupo de interesse", de pressão, com impacto político e social nas classes média e alta, assumindo por isso um certo elitismo; na Europa é mais visto como um "movimento social", ao lado do feminismo ou do pacifismo, por exemplo. O ambientalismo, surgido a partir dos anos 60 e 70, tem-se enquadrado, nos últimos vinte anos, em várias ONG's, que centram a sua luta essencialmente nos seguintes temas:
  • Biodiversidade
  • Alterações climáticas da Terra
  • Deterioração da camada de ozono
  • Extinção de espécies
  • Produtos radioactivos
  • Chuva ácida
  • Produtos transgénicos
Referências do Documento:
  • ambientalismo. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento (1992)

Preâmbulo

A conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento,

Reunida no Rio de Janeiro, de 3 a 14 de Junho de 1992,

Reafirmando a Declaração da Conferência das Nações Unidas Sobre o Ambiente Humano, adoptada em Estocolmo em 16 de Junho de 1972, e procurando dar-lhe seguimento,

Tendo como objectivo estabelecer uma parceria nova e equitativa, a nível mundial, através da criação de novos níveis de cooperação entre os Estados, sectores-chave das sociedades e dos povos,

Tendo em vista o estabelecimento de acordos internacionais que respeitem os interesses de todos e protejam a integridade do sistema global de ambiente e desenvolvimento,

Reconhecendo a natureza integral e interdependente da Terra, como nosso lar,

Proclama que:

Princípio 1

Os seres humanos estão no centro das preocupações para o desenvolvimento sustentável.
Eles têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a Natureza.

Princípio 2

Os Estados, de acordo com a Carta das Nações Unidas e os princípios do Direito Internacional, têm o direito soberano de explorar os seus próprios recursos de acordo com as suas políticas de ambiente e desenvolvimento, e a responsabilidade de assegurar que as actividades levadas a cabo no âmbito da sua jurisdição ou controle não prejudiquem o ambiente de outros Estados ou áreas para além dos limites da sua jurisdição nacional.

Princípio 3

O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de forma a atender equitativamente às necessidades, em termos de desenvolvimento e de ambiente, das gerações presentes e futuras.

Princípio 4

Para se alcançar um desenvolvimento sustentável, a protecção do ambiente deve constituir uma parte integrante do processo de desenvolvimento, não podendo ser considerada independentemente dele.

Princípio 5

Todos os Estados e todos os povos devem cooperar na tarefa fundamental da erradicação da pobreza como condição indispensável ao desenvolvimento sustentável de forma a diminuir as disparidades nos níveis de vida e melhorar a satisfação das necessidades da maioria dos povos do Mundo.

Princípio 6

Deve ser dada prioridade à situação e às necessidades específicas dos países em desenvolvimento, em particular dos menos desenvolvidos e dos mais vulneráveis sob o ponto de vista ambiental.

Princípio 7

Os Estados devem cooperar num espírito de parceria mundial com o intuito de preservar, proteger e recuperar a saúde e integridade do ecossistema terrestre.
Os Estados têm responsabilidades comuns embora distintas, tendo em conta os diferentes contributos para a degradação do ambiente, a nível mundial.
Os países industrializados reconhecem a sua responsabilidade na procura, a nível internacional, de um desenvolvimento sustentável, tendo em conta as pressões que as respectivas sociedades exercem sobre o ambiente mundial e as tecnologias e os recursos financeiros que comandam.

Princípio 8

Os Estados deverão reduzir e eliminar os padrões insustentáveis de produção e consumo e promover políticas demográficas adequadas, a fim de se alcançar um desenvolvimento sustentável e uma melhor qualidade de vida para todos os povos.

Princípio 9

Os Estados deverão cooperar para fortalecer as capacidades endógenas necessárias à construção de um desenvolvimento sustentável, melhorando os conhecimentos científicos através do intercâmbio de informação científica e tecnológica, aperfeiçoando o desenvolvimento, a adaptação, a difusão e a transferência de tecnologias, incluindo tecnologias inovadoras.

Princípio 10

As questões ambientais serão mais eficazmente tratadas com a participação, ao nível apropriado, de todos os cidadãos implicados.
Ao nível nacional, todos os indivíduos deverão ter acesso adequado à informação relativa ao ambiente detida pelas autoridades, incluindo informações sobre materiais e actividades perigosas nas suas comunidades, bem como a oportunidade de participar nos processos de tomadas de decisão.
Os Estados devem facilitar e incentivar a consciencialização e a participação do público, disponibilizando amplamente a informação.
Deve garantir-se um acesso efectivo aos processos judiciais e administrativos, incluindo os de recuperação e de correcção.

Princípio 11

Os Estados devem aprovar e pôr em vigor legislação efectiva sobre o ambiente. Os padrões ambientais, os objectivos e as prioridades de gestão deverão reflectir o contexto de ambiente e de desenvolvimento em que se aplicam.
Esses padrões, embora aplicados em alguns países, podem ser desajustados e de custos económicos e sociais injustificados para outros países, em particular para aqueles em desenvolvimento.

Princípio 12

Os Estados deverão cooperar para promover um sistema económico internacional aberto e de suporte que conduza ao crescimento económico e ao desenvolvimento sustentável em todos os países, de forma a melhor ponderar os problemas de degradação ambiental.
As medidas de política comercial com objectivos ambientais não deverão constituir um meio de discriminação arbitrária ou injustificável nem uma restrição disfarçada ao comércio internacional.
Deverão evitar-se as acções unilaterais tendo em vista a resolução dos desafios ambientais fora da área de jurisdição do país importador.
As medidas de carácter ambiental, que digam respeito a problemas ambientais além-fronteiras ou mundiais, deverão, tanto quanto possível, basear-se num consenso internacional.

Princípio 13

Os Estados devem elaborar legislação nacional relativa à responsabilidade civil e à compensação das vítimas da poluição e outros danos ambientais.
Os Estados devem também cooperar, de forma expedita e determinada, na elaboração de legislação internacional adicional, relativa à responsabilidade civil e à compensação por efeitos adversos de disfunções ambientais causados em áreas fora da sua jurisdição, por actividades no âmbito da sua jurisdição ou controle.

Princípio 14

Os Estados deverão cooperar de forma efectiva com vista a desencorajar ou impedir a redistribuição ou transferência para outros Estados de quaisquer actividades e matérias que causem uma grave degradação do ambiente ou sejam potencialmente nocivas para a saúde humana.

Princípio 15

Os Estados devem proceder, de acordo com as suas capacidades, a uma abordagem ampla e preventiva a fim de proteger o ambiente.
Sempre que haja ameaças de danos graves ou irreversíveis, a falta de provas científicas não deve ser dada como justificação para o adiamento da prevenção dos referidos danos quando existem medidas economicamente viáveis para a prevenção da degradação do ambiente.

Princípio 16

As autoridades nacionais deverão esforçar-se por promover a internacionalização dos custos ambientais e a utilização de instrumentos económicos, tendo em conta que a entidade responsável deverá, em princípio, suportar o custo da poluição com a devida consideração pelo interesse público e sem distorcer o comércio e o investimento internacionais.

Princípio 17

A avaliação de impacto ambiental, como instrumento nacional, deve ser efectuada em relação a determinadas actividades que possam vir a ter um impacto adverso significativo sobre o ambiente e estejam dependentes de uma decisão de uma autoridade nacional competente.

Princípio 18

Os Estados devem notificar imediatamente outros Estados de quaisquer desastres naturais ou outras emergências que possam vir a produzir súbitos efeitos nocivos no ambiente desses Estados.
A Comunidade Internacional deve fazer todos os esforços para auxiliar os Estados atingidos.

Princípio 19

Os Estados devem notificar, prévia e atempadamente, e fornecer as informações pertinentes aos Estados potencialmente afectados sobre actividades que possam ter um significativo efeito transfronteiriço adverso sobre o ambiente, devendo estabelecer contactos com esses estados numa fase precoce e em espírito de boa fé.

Princípio 20

As mulheres desempenham um papel vital na gestão do ambiente e do desenvolvimento.
Assim, a sua participação plena é essencial para se alcançar um desenvolvimento sustentável.

Princípio 21

A criatividade, os ideais e a coragem da juventude de todo o mundo deverão ser mobilizados com vista a criar uma parceria mundial, com o objectivo de se alcançar um desenvolvimento sustentável e garantir um futuro melhor para todos.

Princípio 22

Os povos indígenas e as suas comunidades, e outras comunidades locais, desempenham um papel vital na gestão e desenvolvimento do ambiente, dados os seus conhecimentos e práticas tradicionais.
Os Estados deverão conhecer e dar o devido apoio à sua identidade, cultura e interesses, e deverão tornar possível a sua participação efectiva na concretização de um desenvolvimento sustentável.

Princípio 23

Devem ser protegidos o ambiente e os recursos naturais dos povos que se encontram oprimidos, dominados e ocupados.

Princípio 24

A guerra é intrinsecamente destruidora do desenvolvimento sustentável.
Os Estados devem, portanto, respeitar a legislação internacional, protegendo o ambiente em tempo de conflitos armados e cooperar, na medida das necessidades, para o seu desenvolvimento.

Princípio 25

A paz, o desenvolvimento e a protecção do ambiente são interdependentes e indivisíveis.

Princípio 26

Os Estados devem resolver todas as suas questões ambientais pacificamente e por meios adequados, de acordo com os princípios da Carta das Nações Unidas.

Princípio 27

Os Estados e os povos devem cooperar em boa fé e em espírito de parceria no cumprimento dos princípios constitutivos desta declaração e na legislação internacional posteriormente elaborada no âmbito do desenvolvimento sustentável.

Referências do Documento:
  • Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento (1992). In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2